Na história da civilização, freqüentemente encontramos citações que documentam o papel do remo, seja como simples aplicação em canoagem, seja nas formas mais estruturadas de navegação e transporte, com preponderante importância no comércio e nas guerras. Por séculos foi o meio mais comum de transporte sobre a água até o advento da vela e, após, do motor a vapor.
Na história militar e comercial do antigo Egito e até na civilização Pré-Helênica de Creta encontram-se registros indiscutíveis da importância do remo, como por volta de ano 2000 a.C., quando um faraó egípcio conseguiu organizar uma frota de 400 navios movidos a remo.
O remo figura assim, como uma constante nas operações de todos os povos imperialistas e conquistadores da Antigüidade.
O remo competitivo entre equipes organizadas é um dos mais antigos e tradicionais esportes. Corridas entre galeras movidas a remo foram disputadas no antigo Egito e na antiga Roma. No século XIII (1315) um festival realizado em Veneza, na Itália, chamado “regata” passou a realizar competições com barcos entre outras modalidades. Até hoje as competições de remo são chamadas de “regatas”.
Em sua forma moderna, o remo se desenvolveu na Inglaterra a partir do século XVIII. A primeira regata passou a ser disputada no Rio Tamisa a partir de 1715. A “Doggett’s Coat and Badge Race” é disputada até hoje em Londres em todos os verões.
A partir daí, o remo passou a tornar-se extremamente popular, seja como um esporte amador ou profissional, com a presença de milhares de espectadores a cada evento. O remo se organizou e o primeiro clube de remo surge também na Inglaterra. O Leander Club foi fundado em 1817 e é o mais antigo clube de remo do mundo.
O remo passou a disseminar-se também no meio acadêmico e a partir de 1829 iniciou-se a disputa entre duas das mais tradicionais universidades britânicas. Até hoje, todos os anos as universidades de Oxford e de Cambridge se encontram no Rio Tâmisa, num dos eventos mais tradicionais do remo mundial. A “The Boat Race” (http://www.theboatrace.org) como é chamada a disputa, é realizada na distância exata de 8.100 metros e o recorde atual da competição foi estabelecido em 1998 pela Universidade de Cambridge, que estabeleceu o tempo de 16 minutos e 19 segundos.
Dez anos mais tarde ocorre outra competição que viria a se tornar outro evento de grande tradição no remo mundial. A “Royal Henley Regatta” (http://www.hrr.co.uk), disputada desde 1839, reúne 19 modalidades de barcos e categorias, durante cinco dias de disputa na pequena cidade inglesa de Henley.
As regatas rapidamente se espalharam para outros países da Europa, ao mesmo tempo em que as embarcações eram aperfeiçoadas, o que permitiu a obtenção de resultados cada vez melhores.
Nas Américas, o remo alcançou igualmente notável desenvolvimento, principalmente no Canadá e nos Estados Unidos da América, onde se tornou famosa a regata disputada entre as Universidades de Harvard e Yale, desde 1852.
Por volta de 1870, o remo se tornou um esporte muito popular nos EUA, sendo que significativos prêmios em dinheiro eram pagos aos vencedores das competições. No início do século XX, o esporte se voltou para uma postura mais amadora e teve grande penetração nas universidades.
O esporte do remo é hoje comandado pela FISA – Fédération Internationale des Sociétés d’Aviron, fundada em 25 de junho de 1892 e que possui associadas 120 federações de todos os continentes. Tem organizado campeonatos mundiais desde 1962. Nos Jogos Olímpicos, o remo foi incorporado em 1900, já que em 1896 teve sua participação cancelada devido ao mau tempo.
Nações de destaque no cenário mundial atual são a Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Canadá, Alemanha, Nova Zelândia, Austrália, Romênia, entre outros. Entre os remadores famosos da história recente do esporte, Steve Redgrave (Inglaterra) é considerado o maior remador de todos os tempos por ter conquistado cinco ouros olímpicos em cinco jogos consecutivos.
Além dele, Matthew Pinsent, também inglês e vencedor de quarto ouros olímpicos, James Tomkins (Austrália), três ouros olímpicos, Rob Waddell (Nova Zelândia) and Xeno Müller (Suíça). Entre as mulheres, Ekaterina Karsten (Bielorrússia) e Kathrin Boron (Alemanha).
O esporte do remo no Brasil
O remo gaúcho é geralmente considerado o pioneiro do Brasil. A introdução do esporte no Rio Grande do Sul deveu-se à iniciativa da colonização germânica. Isso ocorreu no ano de 1888, ainda durante a Monarquia. Também em nosso Estado, o remo foi praticado antes mesmo da fundação do Ruder-Club Porto Alegre (1888), pois em 1865, um grande acontecimento entrou para a história do desporto gaúcho com a realização de uma regata verdadeira, quando da passagem de S.M. o Imperador Pedro II, pela cidade de Rio Grande, em visita ao Rio Grande do Sul, no início da Guerra do Paraguai. Então, na cidade marítima, foi o Monarca homenageado com a realização da chamada “Regata Imperial”, assistida pelo nosso soberano. Na mesma, triunfou a “guarnição dos hamburgueses”, capitaneada por Félix Kessler. Os vencedores receberam das próprias mãos de Dom Pedro II, ricas medalhas de ouro e finas faixas bordadas com fitas douradas, com a inscrição “Regata Imperial”. Existem registros da disputa de provas em 13 de maio de 1888, na Enseada de Botafogo, no Rio de Janeiro, capital do Império, com a participação das guarnições da escola Militar e Naval, que passou a ser chamada de “Regata da Abolição”. Mas, oficialmente, somente em 5 de junho de 1898 foi realizada a primeira regata no Rio de Janeiro.
A entidade que controla o remo no Brasil é a Confederação Brasileira de Remo e tem como filiadas os estados do Amazonas (AM), Bahia (BA), Brasília (DF), Espírito Santo (ES), Pará (PA), Paraíba (PB), Paraná (PR), Pernambuco (PE), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (RN), Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC), São Paulo (SP) e Sergipe (SE).
A Confederação Brasileira de Remo foi fundada em 25 de novembro de 1977 e a sua sede é na cidade do Rio de Janeiro. Inicialmente o remo no Brasil era controlado pela Confederação Brasileira de Desportos, cuja fundação e estruturação teve importante participação da Federação de Remo do Rio Grande do Sul.
Os principais clubes de remo do Brasil são: Esporte Clube Vitória (BA); Clube de Natação e Regatas “Álvares Cabral e Clube de Regatas Saldanha da Gama (ES); Clube do Remo e Payssandú Sport Clube (PA); Clube Náutico Capibaribe e Sport Club do Recife (PE); Botafogo de Futebol e Regatas, Club de Regatas Vasco da Gama e Clube de Regatas do Flamengo (RJ); Sport Clube de Natal (RN); Clube de Regatas Guaíba Porto-Alegre – GPA e Grêmio Náutico União (RS); Clube Náutico Francisco Martinelli, Clube Náutico Riachuelo e Clube de Regatas Aldo Luz (SC) e Clube Esperia, Clube de Regatas Bandeirante e Sport Club Corinthians Paulista (SP).
O remo brasileiro tem participado dos Campeonatos Sul-Americanos com destaque. Sua disputa se iniciou no ano de 1948, no Uruguai. Em 1954 o Brasil sagrou-se campeão pela primeira vez e até 1945 esse campeonato não era considerado oficial, pois somente neste ano foi fundada a Confederação Sul-Americana de Remo. Em Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais o Brasil tem apresentado atuações discretas.
O remo no Rio Grande do Sul
O pioneiro: RUDER-CLUB PORTO ALEGRE
A 21 de novembro de 1888, seria fundado na capital do Rio Grande do Sul o Ruder-Club Porto Alegre, (“Ruder” é remo em alemão), especificamente para o esporte náutico, nos moldes do então praticado na Alemanha. Essa agremiação subsistiu e integra o atual Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre (GPA), o qual por isso detém o título de “mais antigo do Brasil”.
A idéia de fundar um clube dedicado ao remo em Porto Alegre partiu do jovem Alberto Bins (depois grande industrial e prefeito de Porto Alegre) que veio a conhecer o esporte em uma viagem à Europa. Tendo liderado a fundação da agremiação, considerado o instituidor do Remo no Rio Grande do Sul.
A fundação do Ruder-Club Porto Alegre foi um verdadeiro marco desportivo na Capital do Estado. Foi, pode-se dizer o primeiro verdadeiramente destinado à prática desportiva como geralmente esta é conceituada; pois a fundação das sociedades de ginástica, mais anteriores, foram os alicerces especificamente da cultura física sem fins competitivos.
A primeira sede foi um “chalet” de madeira, à rua que iria receber o nome de Sete de Setembro, então à beira-rio, perto da atual praça da Alfândega. Esta sede substituiu a provisória, em dependência modesta da Casa de ferros e ferragens da firma Bins e Friderichs, posteriormente “União de Ferros”, sita no Caminho Novo, hoje Avenida Voluntários da Pátria. Os primeiros dois barcos do clube foram trazidos da Alemanha, tendo chegado a Porto Alegre no dia 6 de junho de 1889, recebendo os nomes de Olga e Elisa, nomes de suas respectivas madrinhas, Olga Englert e Elisa Bins.
Em 1917, conseqüência da entrada do Brasil na guerra contra os impérios centrais da Áustría-Hungria e Alemanha, o “Ruder-Club Porto Alegre” passou a se chamar “Club de Regatas Porto Alegre”.
RUDER-VEREIN GERMANIA
Quatro anos após o surgimento do Ruder-Club Porto Alegre é que nasceria a segunda agremiação náutica da cidade, o Ruder-Verein Germania, em 29 de outubro de 1892. Também no decurso da 1ª Grande Guerra o Ruder-Verein Germania nacionalizou sua denominação para “Club de Regatas Guahyba”.
O Germania venceu o primeiro Campeonato do Estado, “quatro com timoneiro”, então em “gig”, ano de 1898, com G. Horzer, A. Mohr, L.L. Semmler, W. Deppermann, voga, e Franz Protzen, timoneiro. Venceu também o primeiro campeonato de “skiff” realizado no Estado, em 1925, com o remador Hugo Gütschow, no barco “Hebe”, em 8 minutos e 27 segundos.
A primeira regata oficial: WANDERPREISS
A 24 de novembro de 1895 foi disputada a primeira regata oficial em Porto Alegre. Já tendo, então, a companhia de seu irmão Ruder-Verein Germania, o Ruder-Club Porto Alegre instituiu o prêmio tradicional denominado “Wanderpreiss” ou Prêmio móvel.
Esse prêmio era disputado uma vez por ano e ficava de posse transitória da agremiação vencedora de cada regata. Ficaria de posse definitiva da que o vencesse por três anos consecutivos. Assim, o mesmo prêmio poderia ser adjudicado definitivamente ao cabo de apenas três anos ou perdurar em disputa durante dezenas de anos. Isto aconteceu com os “Wanderpreiss”, tanto de remo como de natação.
Uma das mais brilhantes vitórias do Ruder-Club Porto Alegre no referido troféu foi a conseguida no ano de 1899, pela guarnição composta por Fritz Jaeger, Artur Mundt, Gustavo Woebcke e Alex Bleckmann, com Otto Zeschy atuando de timoneiro.
Pequena história dos clubes de Porto Alegre
Clube de Regatas Guaíba – Porto Alegre, o mais antigo clube de remo do Brasil
Em 28 de novembro de 1936 o Club de Regatas Porto Alegre (antigo Ruder-Club Porto Alegre) fundiu-se com o Club de Regatas Guahyba (antigo Ruder-Verein Germania), resultando o Club de Regatas Guaíba-Porto Alegre, o GPA. Manteve-se como data de fundação a do Ruder-Club Porto Alegre (21/11/1888), sendo, por isso, o GPA o clube de remo mais antigo do Brasil.
A primeira vitória do GPA, após a fusão, ocorreu no Campeonato Estadual de 1936 na prova de dois com timoneiro. Uma das duplas mais categorizadas do remo brasileiro formada por Paulo Diebold e Pércio Zancani, os quais venceram as provas de dois sem timoneiro e dois com timoneiro em 1948 tanto no Campeonatos Brasileiro como no Sul-Americano. A dupla participou também das Olimpíadas de Londres, tendo sido semifinalista.
Em 1981 o GPA conseguiu quebrar a hegemonia unionista de 22 anos no remo gaúcho, vencendo os campeonatos estaduais de 1980, 1981 e 1983 e importantes certames interestaduais. Hoje o GPA continua com um departamento de remo bastante ativo com presença constante nas principais competições do Estado, no Brasil e até no exterior, sobretudo com sua equipe master. O clube conta com a sede esportiva e social no Parque Náutico Alberto Bins, contando com salões de festas, garagens para lanchas e com a maior garagem de remo dentre os clubes “do cais”. É de sua propriedade também a área da Ilha do Oliveira. Entre suas maiores tradições figura a guarnição mais antiga do mundo, o Júpiter.
Grêmio de Regatas Almirante Tamandaré, alternativa luso-brasileira aos clubes de origem germânica
Fundado em 18 de janeiro de 1903, surgiu como alternativa luso-brasileira aos clubes de origem germânica que tinham o alemão como língua corrente. Pouco tempo depois de sua fundação, o Tamandaré assumiu a liderança do remo gaúcho. Inicialmente a rivalidade era repartida com a turma do Germania. Depois da fundação de outro clube náutico, o Almirante Barroso, durante muitos anos a liderança foi dividida entre os grêmios fundados em honra dos dois grandes períodos de máxima glória tamandarista foi o que mediou os anos de 1916 a 1920, com cinco vitórias consecutivas.
As maiores glórias dos “carvoeiros” (como eram chamados os tamanderistas) foram alcançadas na década de 1930 em “single-skiff” pelo remador Fritz Richter. Além de diversos campeonatos estaduais, Fritz Richter sagrou-se campeão brasileiro e sul-americano, de forma brilhante, e representou o Brasil nas Olimpíadas de Berlim. Até a década de 1950 o Tamandaré teve sedes na Volta do Gasômetro, transferindo-se para o Parque Náutico Alberto Bins, juntamente com os demais clubes. Na década de 70, o Tamandaré passou a ter discreta atuação, tendo cessado suas atividades de remo por diversas vezes. Hoje, o clube dedica-se exclusivamente à Motonáutica e funciona no Parque Náutico Alberto Bins.
Clube de Regatas Almirante Barroso, um dos mais vitoriosos clubes do Brasil
Dois anos depois do Tamandaré, mais precisamente em 26 de fevereiro de 1905, surgiu outro grêmio que haveria de liderar o Remo gaúcho durante longos anos, o Clube de Regatas Almirante Barroso.
O Barroso nasceu de uma dissidência no seio do R. C. Germania, entre o treinador e os remadores Henrique Huber, Frederico Carlos Gerlach e os irmãos Válter, Osmundo e Bertoldo Panitz. Esses remadores resolveram abandonar o clube e formar uma guarnição capaz de vencer o “Wanderpreiss” de 1905, não medindo esforços para isto. Construíram, com suas próprias mãos, o “gig” de treinamento que foi o seu barco de vitória. Embora com nome genuinamente português e tendo como patrono o grande almirante da esquadra brasileira nascido em Portugal, o Barroso foi sempre considerado uma agremiação mista luso-teuto-brasileira, já que boa parte de seus fundadores pioneiros eram de origem germânica. 0 Barroso tornou-se o primeiro clube de remo com características populares, pois os três anteriormente fundados se consideravam mais aristocráticos, tendo, por isso, crescido rapidamente.
Alguns anos depois da fundação, o “Clube Zebrado” (como era conhecido o Barroso) estabeleceu sua sede na Voluntários da Pátria conhecida como a “Sede da Torrinha”.Com a construção do Cais Navegantes, no início da década de 1950, o clube estabeleceu sede na Ilha do Pavão (ao lado do União) e, posteriormente, instalou sua garagem de remo no Parque Náutico Alberto Bins (junto aos demais clubes).
Entre as várias guarnições vitoriosas barrosistas, destacam-se o extraordinário “quatro com” campeão gaúcho, brasileiro e sul-americano de 1940, formado por Edmundo Deuner, Arno e Nilo Franzen, Carlos Chiapetti (o popular “Engole Vidro”) e Oscar Barbosa dos Santos (timoneiro) e o formidável “dois-sem” igualmente campeão gaúcho, brasileiro e sul-americano na década de 1950, formado por Walter Karl e Manoel Amorim.
No final da década de 1960, o Barroso passou por um processo de fusão com o Sport Clube São José, posteriormente desfeito e que teve conseqüências calamitosas para a estrutura do clube. Tendo se afastado das competições por algumas vezes, o clube mantém funcionando seu departamento de remo em sua sede no Parque Náutico Alberto Bins [ver sede] e vem desenvolvendo projetos sociais com bons resultados. Recentemente, reestruturou toda sua antiga sede, substituindo o prédio de madeira por novas instalações.
Grêmio Náutico União, fundado por seis meninos
No verão de 1906, o garoto de treze anos Carlos Simão Arnt (Carlitos) e seus colegas do Hilfsverein Schule (hoje Colégio Farroupilha) percorria os clubes náuticos porto-alegrenses de então para iniciar-se no esporte do Remo. Dos dirigentes de todos os clubes a resposta recebida era semelhante: “Clube de Remo não é para guris. Cresçam e apareçam”.
Tratou, então, Carlitos de convocar seus colegas para uma reunião onde ficou acertado que já que nenhum clube os queria para sócios, por serem guris, eles haveriam de fundar o seu próprio clube. Assim, em 1° de abril de 1906, os seis meninos fundaram o “Ruder-Verein Freundschaft” (Sociedade de Regatas Amizade).
Em 1917, conseqüência da entrada do Brasil na guerra, o clube mudou sua denominação para “Grêmio Náutico União”.
Pouco depois foi inaugurada a chamada “nova sede”, maior e um pouco mais elegante, na Rua Voluntários da Pátria, cercanias da esquina da rua Ramiro Barcelos.
Em 1920 veio a primeira vitória oficial no páreo “Clubes Federados”. No Campeonato Brasileiro de 1940 veio primeiro título nacional no “quatro sem timoneiro”.
Em 1942 é inaugurada na sede da Rua Quintino Bocaiúva, a piscina olímpica do União, que profunda influência provocaria no futuro da agremiação. Em 1948 o União obtém o título de aforamento, por 99 anos, da área de quase 4 hectares, na ponta Sul da Ilha do Pavão, que também determinaria profundas influências no futuro do União.
Com a construção do novo cais e a impossibilidade daí decorrente, de utilização para o desporto náutico, de sua tradicional sede da Rua Voluntários da Pátria defronte à Rua Hoffmann, o União estava, na ilha do Pavão, resolvendo seu problema de forma totalmente diversa da maioria de seus co-irmãos, os quais se transferiram para o Parque Náutico Alberto Bins. Graças à solução “Ilha do Pavão”, o União passaria em seguida a dominar amplamente o cenário do remo gaúcho com brilhantes reflexos nacionais e internacionais, durante muitos anos.
Entre os maiores atletas unionistas destaca-se Edgar Gijsen (o “Belga”), considerado um dos maiores remadores da história do remo brasileiro, com inúmeros títulos estaduais, brasileiros e sul-americanos em “Single-Skiff”, “Double-Skiff” e “Dois-Sem Timoneiro” nas décadas de 1950 e 1960.
A façanha máxima do remo unionista aconteceu em 1960, no Campeonato Brasileiro, quando o União venceu todas as eliminatórias locais e compôs toda a representação do Rio Grande do Sul. Na raia da Lagoa Rodrigo de Freitas, venceu quatro dos sete páreos (nos barcos 4+, 2-, 1X e 2X), infringindo dura derrota aos há muito tempo invictos representantes do remo carioca.
O União detém a liderança do remo no Estado e no Brasil. Sua sede de remo da Ilha do Pavão é, sem dúvida, a melhor estruturada para a prática do remo no Brasil.
Em maio de 2006 o clube, em parceria com a Confederação Brasileira de Remo e Federação de Remo do Rio Grande do Sul realizou um dos maiores eventos de remo nas últimas décadas no Brasil: a Regata Internacional do Centenário, comemorando os seus 100 anos de existência.
CANOTTIERI – Atual Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense
No início de 1908, a coletividade italiana, cuja imigração para o Rio Grande do Sul havia iniciado trinta-e-três anos antes, já era grande em Porto Alegre e crescia constantemente. Dela partiria a iniciativa para a fundação de um clube de remo italiano ou ítalo-brasileiro, o que se concretizou em 9 de fevereiro de 1908, com a fundação do Clube Italiano Canottieri Ducca degli Abruzzi.
Em 1924, veio a primeira vitória em Campeonato Estadual (em “quatro-com timoneiro) e no ano seguinte, em Campeonato Brasileiro (também em “quatro-com timoneiro”).
Em 1940, conseqüência da guerra em que o Brasil entrou contra a Itália e a Alemanha, a denominação da agremiação foi nacionalizada para Grêmio de Regatas Duque de Caxias. Posteriormente, em 1962, o Duque de Caxias fusionou-se com o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, constituindo-se o Departamento de Remo deste último. Em 1986, o Grêmio fechou seu departamento de remo, cedendo, posteriormente, suas instalações à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que ali desenvolvia as cadeiras de remo e prática desportiva, sob a coordenação do Prof. Roberto Schultz. Em 1998, o Grêmio retomou suas atividades no remo, permanecendo, no entanto, a coordenação do Prof. Roberto Schultz. Já nesse ano, o clube venceu o Campeonato Estadual na categoria Feminino.
Atualmente encontra-se inativo, abrigando apenas atividades da UFRGS.
Clube de Regatas Vasco da Gama, o clube da comunidade portuguesa
Nove anos depois da fundação do Canottieri, a coletividade lusitana decidiu fundar uma agremiação própria. Alguns portugueses que integravam o Tamandaré e o Barroso, uniram-se em torno da idéia. Assim, em 28 de janeiro de 1917, em memorável assembléia nos altos da Confeitaria Rocco, à qual compareceram 100 cidadãos de nacionalidade portuguesa, foi fundado o Clube de Regatas Vasco da Gama.
Anos após se construía a primeira sede própria onde o “Vasco” teve 40 anos de intensa vida desportiva e social. Forçado pelas obras de construção do novo cais, transferiu-se para o Parque Náutico Alberto Bins.
A primeira vitória vascaína ocorreu na regata de abril de 1919, em prova de 1.000 m. em “gig a quatro”. Entre as maiores guarnições formadas pelo clube cruz-maltino, despontam o “quatro-com timoneiro” campeão estadual e brasileiro de 1948 (formado por Aldo Campos, Orígenes Oliveira, Raul Ebner, Erni Schiefelbein, voga, e Gregório Pineda Lopes, timoneiro) e o oito vencedor no mesmo ano da importante prova em homenagem às “Forças Armadas do Brasil”, promovida pela Federação Paulista de Remo, na represa de Jurubatuba em São Paulo.
Nas décadas de 1970 e 1980, o remo do Vasco foi conduzido pelo técnico Gregório Pineda Lopes (que foi timoneiro do legendário quatro-com de 1948). O “Seu Pineda” era um verdadeiro formador de talentos, tratando seus atletas com entusiasmo e carinho paterno.
Entre os remadores formados pelo incansável treinador figuram campeões brasileiros e sulamericanos (como foi o caso de Sérgio Paiva Silveira e Mauro Weber dos Santos, Campeões Brasileiros de 1981 em “Double-Skiff” Júnior).
Hoje o departamento de remo do Vasco da Gama prossegue suas atividades na sede do Parque Náutico Alberto Bins, recentemente reconstruída.
O remo no interior do Estado
O Rio Grande do Sul ocupa uma situação ímpar no cenário do remo nacional, qual seja a de alcançar verdadeiro e autêntico âmbito regional, pois não somente a Capital possui agremiações náuticas. Observe-se que o remo foi praticado em nosso Estado, na cidade de Rio Grande, muito antes que em Porto Alegre, na célebre “Regata Imperial”.
O remo do Rio Grande do Sul chegou a contar com nada menos do que treze clubes de remo simultaneamente filiadas à REMOSUL no fim da década de 1940, nas seguintes cidades:
Rio Grande – Clube de Regatas Rio Grande, fundado em 28/08/1897, Grêmio Náutico Almirante Barroso, fundado em 27/06/1909 e Clube Honório Bicalho, fundado em 02/07/1929.
São Leopoldo – Clube Náutico Itapuí, fundado em 20/09/1914.
Pelotas – Clube Natação e Regatas Pelotense, fundado em 28/11/1914 e Clube Náutico Gaúcho, fundado em 20/01/1932.
São Lourenço do Sul – Clube de Regatas Almirante Abreu, fundado em 20/03/1930.
Montenegro – Clube de Regatas Cruzeiro do Sul, fundado em 26/02/1932.
São Sebastião do Caí – Praia Clube, fundado em 17/03/1936.
Cachoeira do Sul – Grêmio Náutico Tamandaré, fundado em 18/02/1936.
Farroupilha – Grêmio Náutico Farroupilha, fundado em 17/01/1938.
Uruguaiana – Uruguaiana Praia Clube, fundado em 16/11/1936.
Itaqui – Clube Náutico ipiranga, fundado em 01/09/1944.
Entre os clubes do interior, destacam-se o Clube de Regatas Rio Grande (fundado em 28 de agosto de 1897) e Grêmio Náutico Tamandaré de Cachoeira do Sul, único clube interiorano a vencer um Campeonato Estadual (“quatro sem timoneiro”, em 1952).
Atualmente, o Clube Náutico Gaúcho de Pelotas e o Grêmio Náutico Tamandaré de Cachoeira do Sul vêm incentivando seus departamentos de remo e têm participado regularmente das provas do calendário gaúcho de remo, bem como promovido regatas em suas cidades com a participação dos clubes da Capital.
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